ALGUMAS DICAS E EXERCÍCIOS QUE FAVORECEM O AUTOCONHECIMENTO
Sem dúvida o que ajudará o processo de
autoconhecimento é aquietar a mente, com exercícios de relaxamento. Essa
quietude pode ser conseguida através de uma condição de calma, silêncio e
tranquilidade para que a mente possa esvaziar-se do seu conteúdo e alcançar a
tranquilidade. Estar em um lugar calmo, silencioso, estar em uma posição
confortável, preferencialmente sentado e exercitar a respiração.
As atividades práticas podem ser sintetizadas
pela força da meditação, concentração e da contemplação,que comprovadamente sincronizam as ondas dos
hemisférios cerebrais, alcançando um estado alterado de consciência, de
tranqüilidade receptiva profunda.
A palavra meditação - meditar na ação -, é
estar com a mente concentrada e atenta ao que se faz, para pensar em atitudes
necessárias para resolver os desafios da vida. Esse direcionamento consciente
ajuda a limpar os pensamentos dispersos, buscando com isso o alinhamento
interior, a integração no nosso pensar-sentir-agir. E assim, aumentamos a
capacidade de percepção de nós mesmos, do outro e do mundo, gerando energias
positivas.
A concentração conduz o ser humano a uma
outra força psíquica poderosa chamada Vontade. Uma energia verdadeira,
diferente de um desejo esporádico e sim, um desejo consistente e encorajador. Essa
disciplina mental favorece a auto descoberta.
A contemplação sugere o estado total de
presença para admirar a natureza e tudo que é vivo e belo, aquietando os
pensamentos e se deixando ficar neste estado de presença, somente dando atenção
à sua própria respiração. Segundo os estudiosos da área e minha experiência
pessoal comprova isso, se nos permitirmos 5 minutos diários com esses
exercícios já fazem um bem enorme.
Vou propor agora uma reflexão sobre as áreas
da sua vida. Caso sinta-se motivado (a), pode imprimir esta página para preencher essa
ferramenta muito usada em Coaching
chamada a Roda da Vida.Já ouviu falar?
Normalmente uso essa ferramenta com minhas Coachees na primeira sessão. Ela é
formada de 10 áreas que você deve avaliar, atribuindo uma pontuação de 0 a 10,
do centro da roda até o final.
FIGURA 1 – A RODA DA
VIDA
FONTE:
pinterest.com
Após preencher, pintando cada área, você terá
uma figura mostrando áreas que você está dando atenção e outras áreas que
exigem mais atenção da sua parte. Ao identificar as áreas disfuncionais, você
precisa fazer um plano de ação para sair do estado atual (ponto A) e ir para o
estado desejado (Ponto B).
Neste vídeo te ensino a preencher a roda:
O autoconhecimento, portanto, pode ser uma
fotografia do momento presente e a investigação e a atenção plena à nós mesmos,
deve ser feita diuturnamente, sob pena de ficarmos alheios ao que trazemos em
nosso interior.
Tem uma música de Raul Seixas que gosto muito
de comentar para ilustrar bem o que quero dizer: “[...] Eu prefiro ser uma
metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”,
lembra dessa música linda? Quando eu trago que prefiro ser uma metamorfose, eu
indico que estou aberta ao novo, às novas aprendizagens, ao próprio processo de
mudanças que a vida convida. E não ficar preso a convicções passadas e aquela
velha opinião formada sobre tudo.
Outra música que também nos ajuda a pensar
sobre isso é Modinha para Gabriela de Dorival Caymmi:“[...] Eu nasci assim, eu
cresci assim, vou ser sempre assim [...]” Não dá para aceitar essa condição de
Gabriela, né?
Então, quando algum cliente ou aluno me diz:
“professora, eu não sei falar em público”. Eu digo Ótimo! Que bom que você sabe
algo sobre você, mas a pergunta é: “você quer permanecer assim?” Isso tem total
relação com o que chamo de Mindset de
Crescimento (assunto que abordarei no capítulo relativo a Aprender a aprender).
Essa compreensão de como somos, favorece um
encontro com o eu mais profundo, com nossa essência. Descobrindo quem somos
torna mais fácil compreender nossas falhas e nossas potencialidades.Goleman
(2011, p. 89) indica que:
metacognição refere-se
à consciência do processo de pensar, e metaestado é a consciência de nossas
emoções. Eu prefiro o termo autoconsciência, no sentido de permanente atenção a
nossos estados interiores. Nessa consciência auto-reflexiva, a mente observa
e investiga a própria experiência, incluindo as emoções.
A busca
pelo autoconhecimento, portanto, é um caminho a ser seguido por todos. Com ele,
conseguimos aprender a integrar o sentir, o pensar e o agir para favorecer as
bases de uma nova postura diante da vida. Aprender a compreender como é a
relação com o pensar, sentir e agir, é uma das formas de praticar o
autoconhecimento. Portanto, o investimento pessoal no autodesenvolvimento é
fundamental, pois é por meio dele que se liberta das amarras das velhas maneiras
de pensar, sentir e agir.
Esse mergulho individual, na busca da nossa
essência, da nossa inteireza, é também um meio para um viver saudável, porque
ajuda o indivíduo a discernir o melhor caminho que deve seguir.
Autoconhecimento para mim é refletir sobre minha
própria vida. É refletir sobre minhas eleições, sobre as coisas que estou
pensando e desejando para minha vida e o que venho proporcionando com meus
atos, minhas atitudes. Ou seja, é buscar ser melhor em consonância com a
moralidade que aprendi e internalizei como verdade, como certeza. É também
tentar ser melhor e aprender com bons exemplos. Portanto, é uma competência
essencial para a busca de um viver mais equilibrado, mais feliz e mais repleto
de significado.
O autoconhecimento favorece uma vida com
qualidade e, isso é sinônimo de atribuir a ela significado. Dar a vida sentido e direção, o que gosto de
chamar de propósito. A vida torna-se melhor quando focamos no que
queremos e não medimos esforços para conseguir, é claro, de forma responsável e
consciente.
É dar movimento ao viver, ele é favorecido
quando damos importância à coisas simples, ao nascer do sol, ao encontro com
amigos, se reunir com a família, dar atenção à saúde (física e mental) e
permeando tudo isso, encontrar uma
razão para a própria existência. Isso é ter qualidade de vida e o
autoconhecimento traz isso.
Em minha busca pelo autoconhecimento, defino
minha identidade e isso define minha Marca Pessoal. O conceito de identidade e
sua constituição transformam-se com o tempo em busca de adequações e
sobrevivência. A nossa Marca se torna visível pelas nossas opções, posturas,
atitudes e indica o que entendemos como certo ou errado em algum dado momento.
Quando descubro quem sou e o que quero,
percebo minha Identidade, ou seja minha Marca. A partir dai começa a etapa da
avaliação de como estou sendo percebido, que é o momento da construção da
imagem, da percepção que os outros tem de mim. Logo, defendo que nossa marca
começa no nosso eu, na nossa essência.
Através do que informamos ao outro, ou da
impressão que causamos neste outro, deixamos nossa Marca. Se gerenciarmos de
modo eficaz o que somos e a imagem que projetamos, já temos grandes chances de
construir uma boa reputação.
Você consegue me dizer com tranquilidade seus
pontos fortes e fracos? Nas sessões de Coaching
e em meus treinamentos, sempre faço um exercício chamado SWOT PESSOAL. Já ouviu
falar? Você irá preencher um quadro de duas linhas e duas colunas, onde irá listar,
sem ajuda de ninguém, seus pontos fortes (quais são seus pontos fortes,
principais forças, qualidades, virtudes ou talentos?), seus pontos fracos (quais
são seus pontos a serem melhorados, principais fraquezas, defeitos ou
dificuldades?).
Nalinha de baixo irá listar as oportunidades
(aspectos que no mercado de trabalho podem lhe favorecer: quais oportunidades
existem para você aproveitar essas forças internas e alcançar seus objetivos?).
E as ameaças (que ameaças existem pelas suas fraquezas que podem impedir de
você atingir seus objetivos?)
Perceba que pontos fortes e fracos referem-se
à análise interna e as ameaças e oportunidades à análise externa. Agora é com
você, preencha o quadro e se conheça um pouco mais.
FIGURA 2 – EXERCÍCIO
SWOT PESSOAL
I
PONTOS FORTES
|
II
PONTOS FRACOS
|
III
OPORTUNIDADES
|
IV
AMEAÇAS
|
FONTE:
elaboração da autora (2019).
Outra ferramenta que uso muito, logo
após a Swot Pessoal é a Janela Johari.Ela foi idealizada pelos pesquisadores
americanos Joseph Luft e Harry Ingham, em 1955. Johari então é um anagrama com
as iniciais dos nomes deles. O modelo gráfico Janela Johari permite apreciar o
fluxo de informações decorrentes de duas fontes – eu e os outros – bem como as
tendências individuais que facilitam ou dificultam a direção e o tamanho deste
fluxo.
Os processos que regulam o fluxo interpessoal
– eu e outros – determinando o tamanho e o formato de cada área da janela são:
busca de feedback e auto-exposição.Logo,
para preenche-la você precisa ouvir o outro. Pergunte à sua rede de relações:
“qual ou quais as primeiras palavras que vem à sua mente, quando lembra de mim?”
Nas relações que cada um de nós vive no dia a
dia, seja em casa, no trabalho ou com amigos, cada um possui quatro dimensões
diferentes: “eu aberto”, o “eu oculto”, o “eu cego” e, o “eu desconhecido”.
O que é conhecido por mim e pelos outros, forma o “Eu aberto”.
O que é conhecido por mim e desconhecido pelos outros, forma o “Eu oculto”. O que é desconhecido por mim e conhecido pelos outros, forma o “Eu cego”. O que é desconhecido por mim e também pelos outros, forma o “Eu desconhecido”.
Como você pode acompanhar na
ilustração a seguir:
FIGURA 3-A JANELA
JOHARI
Fonte:pinterest.com
É importante entender
que nada é estanque. À medida que o grau de confiança e o intercâmbio do feedback variarem na sua relação com as
pessoas, as informações deslocam-se de um quadrante para o outro. Assim, o
tamanho e o formato dos quadrantes vão se modificando com o passar do tempo.
Na janela do Eu aberto: devem estar todas as características positivas e
negativas que possuímos e que todas as pessoas que nos relacionamos também
conseguem enxergar. Se por um lado isso é bom, pois pode significar que estamos
compartilhando nossas características marcantes, por outro, é bom assim fazê-lo
de modo equilibrado para que não estejamos dividindo absolutamente tudo sobre
nós com o mundo. Eu sempre digo em minhas palestras que “devemos compartilhar
sobre nossa vida somente até a página dois”. Quero dizer com isso que nem tudo
precisa ser dito. Mas e o que precisa ser dito? Você sabe bem a diferença entre
esses dois? Exemplo: se você está
pleiteando uma oportunidade de emprego, é bom que todas as suas qualidades fiquem
aparentes. E as suas dificuldades? Todas devem ficar aparentes? Cabe à sua
reflexão.
Na janela do Eu oculto: é tudo aquilo que escondo conscientemente dos outros por
“N” motivos: medo de ser julgado, insegurança, vergonha e etc.
Na janela do Eu cego: não conhecemos direito ou não somos capazes de observar em
nós mesmos. Pense em um momento de tensão, de briga que estamos tomados por uma
raiva. Neste momento, podemos sair do nosso padrão e ter expressões no rosto ou
atitudes sem nos apercebermos.
Na janela do Eu desconhecido: podem ser agrupados características latentes em
nós e que ainda não foram exploradas, como por exemplo, um talento. Ou até
mesmo certezas advindas de alguma parte do inconsciente. Aqui estão as
habilidades, os impulsos e sentimentos mais profundos e que, por vezes, são
reprimidos. Esse quadrante é formado por alguns padrões inconscientes que
respondem por comportamentos que temos.
E o que é o ideal na janela Johari? O ideal é
sabermos o maior número de informações sobre nós e abrirmos e fecharmos um
pouco as nossas janelas à medida que nos relacionamos, ajustando e alinhando a
cada momento.
Agora é sua vez de experimentar. Preencha os
quadrantes com informações sobre você. Você pode pedir ajuda às pessoas mais
próximas para lhe auxiliar a preencher as janelas e ir completando com a lista
que fez das características que lhe disseram.
Agora é com você, mãos à obra!
FIGURA
4 – EXERCÍCIO A JANELA JOHARI
I
EU ABERTO
|
II
EU CEGO
|
III
EU SECRETO
|
IV
EU DESCONHECIDO
|
FONTE:
elaboração da autora (2019).
E para finalizar esse capítulo, vou comentar
com você sobre O IKIGAI.
FIGURA 5 – O IKIGAI
FONTE:
Pinterest.com.
A expressão japonesa Ikigai nasce da mistura das
palavras “Ikiru”, cujo significado é “viver”
e “Kai”, que é algo como “a
realização do que se espera”.A expressão então significa propósito de vida.
Encontrar seu propósito de vida é encontrar a razão para viver e seguir em
frente. Com este primeirocapítulo sobre Autoconhecimento, desejo que você tenha
clareza do seu Ikigai, do seu propósito, se autoconhecendo.
Percebendo a
figura acima, o ikigai é a interseção de quatro dimensões importantes: a sua
paixão, a sua vocação, a sua profissão e a sua missão de vida.
Outros aspectos que precisam ser
levados em consideração para entender seu propósito: o que você ama, aquilo que
você é bom (faz muito bem), aquilo que o mundo precisa e aquilo pelo qual você
pode ser pago. No entendimento dos japoneses, uma vida plena e de sucesso,
envolve ocupar a maior parte do seu tempo e energia, com algo que você ama, faz
bem, o mundo precisa e te pagam para realizar.A grande questão agora é: qual o
seu Ikigai? Você saberia responder?
Para encerrar esse texto, convido você a
refletir sobre a frase a seguir:
Perceber-se e aprender-se: caminho para o autoconhecimento.
Ela fez sentido para você?
Você leu em várias partes desse texto sobre Coaching, Coach e Coachee. Imagino
que deve estar se perguntando “como conheço mais sobre esses termos?” Eu
falarei mais sobre isso no capítulo referente à carreira em Administração.
Espero
que tenha gostado dessas dicas.
REFERÊNCIAS DESTE TEXTO:
GOLEMAN, Daniel.Inteligência emocional. Tradução: Marcos Santarrita. Rio de Janeiro : Objetiva, 2011.
Bom vou terminando por
aqui.